Quem foi o responsável pela criação do Pix, Bolsonaro ou Lula?
Descubra quem realmente criou o Pix. Foi Lula, ou Bolsonaro. Entenda a origem do sistema que revolucionou os pagamentos no Brasil.
Nos últimos anos, o Pix se consolidou como uma verdadeira revolução no sistema financeiro brasileiro. Rápido, gratuito para pessoas físicas, disponível 24/7 e incrivelmente popular, ele mudou a forma como milhões de brasileiros lidam com o dinheiro. Essa onipresença, no entanto, trouxe consigo uma disputa acirrada nas redes sociais, que ecoa na política nacional: afinal, quem é o "pai" do Pix? Foi o governo Bolsonaro ou o governo Lula?
A resposta curta e objetiva é: nenhum dos dois. A criação e implementação do Pix são o resultado de um projeto de Estado, conduzido com autonomia técnica e operacional pelo Banco Central do Brasil (BC).
Antes do Pix, o Brasil dependia de dois sistemas principais para transferências bancárias:
-
DOC (Documento de Ordem de Crédito): Lançado em 1985, era limitado a R$ 4.999,99 e o dinheiro só caía no dia útil seguinte.
-
TED (Transferência Eletrônica Disponível): Criada em 2002, era mais rápida (o dinheiro caía no mesmo dia, se feita em horário comercial), mas tinha custos que variavam.
Esses modelos eram caros, lentos e excludentes, deixando uma grande parcela da população e pequenos negócios dependentes de dinheiro em espécie. O Banco Central identificou a necessidade de criar um sistema que fosse:
-
Mais competitivo: Reduzindo o poder dos grandes bancos e o custo das transações.
-
Mais inclusivo: Permitindo que pessoas desbancarizadas ou com acesso limitado a serviços financeiros pudessem participar da economia digital.
-
Mais eficiente: Operando 24 horas por dia, 7 dias por semana, com liquidação instantânea.
-
Mais seguro: Com múltiplas camadas de proteção e rastreabilidade.
Pix é uma Política de Estado, Não de Governo
O Pix não nasceu da noite para o dia. Sua gestação foi um processo técnico que atravessou diferentes governos.
-
Governo Michel Temer (2018): Os primeiros passos concretos foram dados em 2018. Sob a presidência de Ilan Goldfajn no Banco Central, foi criado um grupo de trabalho dedicado a estudar e desenvolver um sistema de pagamentos instantâneos. A portaria que formalizou esse grupo é de maio de 2018. O objetivo já era claro: modernizar o sistema financeiro nacional.
-
Governo Jair Bolsonaro (2019-2022): Foi durante esta gestão que o projeto ganhou corpo e foi lançado ao público. Com Roberto Campos Neto na presidência do BC, o cronograma foi acelerado.
-
Fevereiro de 2020: O Banco Central anuncia oficialmente o nome "Pix" e seu cronograma de lançamento.
-
Outubro de 2020: Inicia-se o período de cadastro das chaves Pix (CPF, e-mail, celular, chave aleatória).
Notícias no seu WhatsApp!
Agora você pode acompanhar as notícias do Portal Democrático direto no seu WhatsApp. É gratuito, seguro e muito fácil! Basta clicar no botão abaixo para ser redirecionado.
Clique para entrar -
Novembro de 2020: O Pix é oficialmente lançado em todo o território nacional.
-
Portanto, embora o projeto tenha começado antes, foi no governo Bolsonaro que o Pix foi implementado, testado e disponibilizado para a população. A associação política com seu governo vem deste fato.
-
Governo Lula (2023-Presente): Luiz Inácio Lula da Silva não teve participação na criação do Pix, pois o sistema sequer era uma ideia durante seus mandatos anteriores (2003-2010). No entanto, o atual governo e a gestão do BC sob sua vigência têm a responsabilidade de manter, aprimorar e expandir a ferramenta. Funções como o Pix Saque e o Pix Troco (já em funcionamento) e o futuro Pix Automático (para pagamentos recorrentes, previsto para 2024/2025) são evoluções que ocorrem sob a nova administração.
Quem, de Fato, Criou o Pix?
A verdadeira autoria do Pix pertence ao corpo técnico do Banco Central do Brasil. O projeto foi liderado por diretores e analistas do BC, como João Manoel Pinho de Mello, então Diretor de Organização do Sistema Financeiro, e Breno Lobo, chefe de subunidade no Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro, entre muitos outros servidores de carreira. Foram eles que desenharam a arquitetura do sistema, as regras de funcionamento e conduziram o diálogo com mais de 700 instituições financeiras para garantir a interoperabilidade.
O Pix é um exemplo clássico de uma política de Estado, que transcende governos, e não uma política de governo, que começa e termina com um mandato presidencial.
O Impacto Avassalador do Pix
O sucesso do Pix superou todas as expectativas. Em poucos anos, ele se tornou o meio de pagamento mais utilizado no Brasil.
-
Números Impressionantes: Em 2023, o Pix ultrapassou a marca de 42 bilhões de transações, superando com folga o número de transações com cartões de crédito e débito somados. O volume financeiro movimentado já ultrapassa os R$ 17 trilhões.
-
Inclusão Financeira: O Pix foi um divisor de águas para a inclusão. Vendedores ambulantes, feirantes, profissionais autônomos e pequenos empreendedores passaram a receber pagamentos de forma instantânea e sem custo, reduzindo a dependência de dinheiro físico e de maquininhas de cartão com suas taxas.
-
Mudança Cultural: A frase "me faz um Pix" se integrou ao vocabulário nacional. Ele facilitou desde a divisão da conta do bar até o pagamento de grandes faturas, transformando a relação das pessoas com as finanças diárias.
O Futuro: O Que Esperar do Pix?
A evolução não para. O Banco Central já planeja novas funcionalidades:
-
Pix Automático: Facilitará pagamentos recorrentes, como contas de luz, água, assinaturas de streaming e mensalidades escolares, funcionando como um débito automático aprimorado.
-
Pix Garantido (ou Pix a Prazo): Permitirá o parcelamento de compras diretamente pelo sistema Pix, funcionando de forma semelhante a um cartão de crédito, mas com potencial de taxas menores.
-
Pix Internacional: O BC estuda formas de conectar o Pix a sistemas de pagamento instantâneo de outros países, facilitando remessas e pagamentos internacionais de forma barata e rápida.
A disputa sobre a "paternidade" do Pix é uma simplificação que ignora a complexidade e a natureza do projeto. Nem Bolsonaro nem Lula criaram o Pix. O sistema é fruto do trabalho contínuo e técnico de uma instituição de Estado, o Banco Central, que planejou e executou uma das maiores inovações financeiras do mundo.
Ao governo Bolsonaro coube o mérito de ter a implementação e o lançamento ocorrendo sob sua gestão, com o apoio de um presidente do BC alinhado à modernização. Ao governo Lula, cabe a responsabilidade de dar continuidade a esse legado, garantindo sua segurança e expansão. No fim das contas, o grande vitorioso é o cidadão brasileiro, que hoje tem em mãos uma ferramenta que trouxe mais liberdade, agilidade e eficiência para sua vida financeira.