Polícia Federal encontra vídeo durante operação envolvendo Sérgio Moro

Segundo Tony Garcia, o vídeo teria sido utilizado por Sergio Moro com o intuito de coagir magistrados e influenciar decisões.

08/12/2025 às 11:53
Polícia Federal encontra vídeo durante operação envolvendo Sérgio Moro

A Polícia Federal (PF) apreendeu a gravação da chamada "festa da cueca" durante buscas realizadas na 13ª Vara Federal de Curitiba na última quarta-feira (3). A operação, autorizada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), localizou a mídia arquivada nas dependências da vara que foi chefiada pelo ex-juiz e atual senador Sergio Moro durante a Operação Lava Jato.

O vídeo, cuja existência física era até então tratada com incerteza, registra uma confraternização em um hotel cinco estrelas de Curitiba. As imagens mostram a participação de desembargadores e membros da alta magistratura acompanhados de garotas de programa.

Novos detalhes apurados indicam que esses encontros não eram eventos isolados, mas sim reuniões mensais financiadas por escritórios de advocacia. A descoberta do arquivo na sede da Justiça Federal corrobora relatos de que o material estava sob posse da 13ª Vara.

A apreensão é considerada fundamental para as investigações baseadas na delação do empresário Tony Garcia. Ele afirma ter atuado como um "agente infiltrado" a mando de Moro, com a missão de obter provas comprometedoras — como o vídeo em questão — para coagir juízes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

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Segundo a denúncia, o objetivo seria utilizar o material íntimo como ferramenta de chantagem, garantindo que decisões da Lava Jato fossem mantidas nas instâncias superiores. O advogado Roberto Bertholdo, conhecedor dos bastidores da época, já havia confirmado que tais gravações circulavam entre o círculo próximo da força-tarefa, gerando temor no Judiciário.

Além da mídia digital, os agentes da PF recolheram processos físicos e documentos de investigações anteriores à própria Lava Jato. Entre os papéis confiscados, estão arquivos relacionados ao doleiro Alberto Youssef e ao próprio Tony Garcia.

A operação ocorre em um momento de pressão sobre o senador Sergio Moro. Em junho de 2024, um relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) já havia apontado irregularidades na gestão de recursos, citando uma articulação entre Moro, o ex-procurador Deltan Dallagnol e a juíza Gabriela Hardt para destinar R$ 2,5 bilhões a uma entidade privada. Na ocasião, Moro classificou o relatório do CNJ como "ficção", mas a materialidade do vídeo agora apreendido reforça a linha de investigação do STF sobre o uso de métodos clandestinos pela antiga força-tarefa.